Em 1986, meu pai fez uma viagem com o Ilê ayê, para os EUA, e ao voltar, naturalmente trouxe lembranças e presentes para a cambada toda da casa e presenteou-me com canetas de todas as cores e formato possíveis, lapiseiras, variedades de borrachas cheirosas, walkman, um cão de pelúcia que ao bater palmas dava cambalhotas e latia, enfim, só não fazia comer ração (ñ duvido nadica, se não já inventaram um que já coma ração e faça cocô depois) vídeo cassete, mas sempre tem um presente que faz brilhar os zoinhos e o presente que fez com que minha midríase aumentasse foi a maquina fotográfica, (suspiro). Foi com esse embrullho que comecei meus primeiros clicks, clicks torcidos, sem iluminação alguma, tremidos, remexidos, sem enquadramento simétrico, sem nenhuma captura de imagem qualquer, clicks queimados, aonde vinha a decepção na hora da revelação, escrevendo assim, até parece que sou uma profissional, confesso amadoríssima e feliz... Enfim, cresci , casei e de quebra fui premiada com a máquina Nikon do meu marido e um cenário natural chamado Barra do Itariri, onde continua sendo meu bastidor preferido. Com a nikon, sentia-me a poderosa e nunca passava muito tempo sem revelar aquele simpático e saudoso rolinho de filme. Na hora da revelação, quase ganhei alguns hematomas na testa, pois confesso, que saia da loja, olhando as fotos sem conseguir desviar das formiguinhas e baratinhas do shopping.Sonhava muito entrando em uma salinha escura com um varal com fotos e pegadores. Encantava-me com filmes onde existiam personagens que revelavam suas próprias fotos, aquela bandeja branca e a pinça para pegar a foto e automaticamente pendurar na corda, hum...aquela coisa de que quando crescer quero ser igual, sabe? Hoje alguns filmes fazem-me passar no túnel do tempo, como: Lado a Lado com Julia Roberts, que faz o papel de uma talentosa fotógrafa, aliás nesse filme me encontrei de várias formas, um filme com Robin William, retrato de uma obsessão, que ele faz um papel de uma psicopata, Cidade de Deus, com o personagem Buscapé.
Bem de mansinho chega o mercado digital, com vocês, o fenômeno, A CÂMERA DIGITALL! ! Aposentando de vez o álbum fotográfico. Nem precisa preocupar-se mais, agora você mudando-se de uma casa para outra, não perderá seu álbum de fotografia, não mais amarelará, você só perderá suas fotos, só se a camisinha do seu PC estourar, assim entrando um vírus mortal. Lembro-me que quando ganhei minha câmera digital Olympus digital 3.0, clicava todos os momentos, suspendendo o pé, estalando o dedo, todas as circunstâncias. E as visitas? Não podiam nem conversar, comer, fazer xixi, eu, extravagantemente, fervorosamente, saia click, click, click..........Eu hein?!
A verdade é que as câmeras digitais virou uma febre, assim como o celular e nem adianta mentir, quando chega um pobre coitado com sua câmera convencional, aquelas que fazem o clique e rebobina o filme, essa mesmo com aquele zunido, CLICKKKKKKKKKKKK! Todo mundo olha atônito, parecendo que estamos no filme do diretor, Steven Spielberg, Jurassic Park I, eu nem digo II, (seria moderno demais), parece que tem um big Tiranoussauro Rex entre nós.
Sinto saudades do álbum, sempre estou revelando fotos, expondo as mais bacanas no meu mural, sempre que me sobra tempo, estou arrumando antigos álbuns, verificando se tem algum tipo de fungos alimentando-se das minhas capturas, pois para mim, existe uma poesia na fotografia convencional, gosto de sentar e ficar passando o álbum, relembrando, algumas vezes chorando ou rindo pencas, já quando olhos as fotos na tela do computador, a maiorias das vezes, não conseguem arrancar-me súbitas perturbações, assim como ler o jornal, ler um livro tudo pelo computador, meu negocio é pegar.
Sei que a agilidade é a grande vantagem da câmera digital, você não precisar mais morrer de curiosidade para saber como ficou a foto, pois sabe-se lá quando você terá ou se terá a oportunidade de registrar aquele momento novamente?
Agora fico aqui na expectativa de novas invenções, pena que o curso seja tão caro, e os equipamentos mais caros ainda, por enquanto vou contentando-me com a minha digital Sony e a disputadíssima câmera do meu marido e com minha monografia que será em cima disso, com a página do flick, com a lição do meu professor querido de fotografia, com os click’s da minha linda Bahia, em falar nisso, para não perder o habito faz uma pose aê, isso! Agora diga diga X.........